segunda-feira, 30 de março de 2009

REFLEXÕES SOBRE CRESCIMENTO URBANO E A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO BRASILEIRO.

A reflexão atual sobre a reprodução do espaço urbano no mundo capitalista de hoje insere a idéia de crise, gerada sobretudo, pelo fenômeno da alta concentração demográfica que acarretam ou contribuem em grande escala com a queda da oferta de trabalho e conseqüentemente com o aumento da taxa de desemprego, onde a pobreza e a violência, aparecem com suas manifestações concretas. A metrópole tende a crescer acima das suas condições de ofertas, uma vez que em seu “espaço geográfico “ ocorre o crescimento industrial com toda sua força. Pierre George fala da destruição da percepção própria do conjunto urbano pela ruptura da unidade funcional da cidade, pela exigüidade do espaço em relação a multiplicação do seu uso, particularmente o lucrativo. As diferenças entre as cidades são profundas, porém, há muitas características comuns especialmente as dramáticas.


A cidade já não é vista como um simples produto natural do desenvolvimento, mais como um ponto de apoio, ou como um fator determinante desse desenvolvimento. “ Sua consideração também deixou de ser tomada como âmbito de uma unidade isolada, hoje pensamos primordialmente, em termos de uma rede ou malha urbana, cujas funções espaciais são mais dinâmicas e abrangentes “

No caso do Brasil, na segunda metade do século XX, tanto o crescimento populacional como o econômico do país estão sendo feitos, de maneira acentuadamente concentrado nas suas regiões metropolitanas. A tendência é sistematicamente reforçada pela dinâmica de circulação de mercadorias, insumos e concentração de serviços nas cidades principais, que acumulam melhores condições de apoio à economia regional. Os programas chamados de descentralizadores ou de desconcentração em relação as áreas metropolitanas, só conseguiram efeitos mínimos e assim mesmo, e assim mesmo visualizaram a valorização de alguns pólos ou eixos de concentração. Nos estudos e trabalhos a esse respeito estavam sempre presentes a teoria dos lugares centrais e pólos de desenvolvimento e a aceitação tácita do desenvolvimento desigual. A competição entre os poucos pólos regionais e os inúmeros municípios deles dependentes deu sempre altos dividendos para os mais fortes.


Considera-se objeto de grande preocupação que o crescimento desordenado das cidades nordestinas, crescimento que tem contribuído para a macrocefalia de uns poços centros urbanos. No passado isso se deu quase sempre em função do papel desempenhado por alguns portos de escoamento de produtos primários. Nesse caso a área de influência de tais centros até onde alcançou o interesse pela exploração agrícola, foi submetida a uma série de transformações cujo objetivo não foi a sua própria manutenção e organização mais o fortalecimento das metrópoles, a serviço da comercialização dos produtos mencionados. Alguns dos maiores centros urbanos nordestinos conservam, até hoje os nossos dias, essas características dominantes de hipertrofia, refletindo ao mesmo tempo seu esforço para diminuir a defasagem em relação ao Sudeste. Esses fenômenos tiveram grandes influencia sobre as questões dos desequilíbrios regionais.



No caso do nordeste, os fluxos migratórios da região que incidem sobre as metrópoles e ao longo da faixa litorânea onde a evolução urbana tem se processado mais acentuadamente. Essas áreas conurbadas, representam por sua vez pressões sociais que afetam diretamente a ação do poder publico cujos orçamentos são insuficientes, principalmente a nível municipal para atender as crescentes necessidades de equipamentos sociais.



Com a complexidade do problema dos transportes urbanos, da coleta e do tratamento do lixo e dos dejetos industriais, a poluição ambiental que são apenas alguns dos problemas que continuam a exigir cada vez mais recursos e imaginação dos administradores. No entanto, o desafio maior parece ser a limitação dos recursos humanos e financeiros, quando confrontados com as aspirações das comunidades. Todavia, vale salientar, que a criação das regiões metropolitanas representam uma tentativa de integração espacial das funções urbanas.



O CASO DO RECIFE

Do aumento em grande escala dos fluxos migratórios para regiões metropolitanas e pelo próprio crescimento vegetativo, principalmente na população de baixa renda, resultam panoramas de pobreza e miséria estampados nas grandes áreas ocupadas por mocambos e casebres. Desta forma, o processo de metropolização do Recife se caracteriza mais pelo crescimento da população que pelo dinamismo da sua economia.

A nova configuração que o grande aglomerado vem assumindo sob o condicionamento de fluxos que selecionam áreas ocupadas pelo traçado “macro-urbano”, influem principalmente:

a) a longa faixa de ocupação praieira.
b) os alongamentos periféricos de indústrias ao longo das rodovias.
c) as áreas planejadas pelos conjuntos habitacionais.



Além dessas repercussões, os efeitos espaciais do crescimento populacional se fazem sentir sobre a localização das atividades urbanas.


Salientando-se que com evolução econômica de caráter urbanizador e metropolizador do espaço, os verdadeiros condicionadores do quadro natural praieiro deixaram de ser o de exclusivo recurso do mar (gênero de vida de pesca) e dos recursos do solo (presença de coqueiros) para se tornarem áreas de concentração humana e de urbanização aceleradas, constituindo atualmente importante área de lazer para uma população com faixa de renda elevada.


GRAÇA KATER.

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