É Gaia!!!Alexandre Gois de Victor // Advogadoagois@siqueiracastro.com.brNão se apresse, dona Maria! Desista de sua ideia de enviar mensagem para o jornal com o objetivo de exigir a cabeça deste dublê de cronista, sob o argumento de que o título do texto reflete um exercício de baixeza. É que não me refiro àquele fenômeno de desastre amoroso decantado pelas canções buarqueanas interpretadas pelas bandas de fuleiragem music. Em assim agindo a senhora estaria cometendo um erro histórico, comparável ao do infeliz que cometeu a ideia de levantar aquelas duas caixas d'água horrorosas cravadas na praia de Boa Viagem com o nome da mãe de nosso presidente que de leso só tem a cara. A Gaia a que me refiro é a Deusa (grega) Terra. Passada a sua revolta, dona Maria, deixe-me tentar explicar melhor. Na década de setenta um pesquisador britânico de nome James Ephraim Lovelock concebeu uma teoria, justamente, assim chamada: Teoria de Gaia. A hipótese lastreia-se na ideia de que o planeta por nós habitado é um ser vivo. Nós, por outro lado, entre outros, somos seus coadjuvantes, tão somente coadjuvantes de Gaia. Seríamos uma espécie de microorganismo, e, como tal, a partir de nossas ações ou em razão do que fazemos, Gaia, naturalmente, reage, assim como um corpo febril. Por isso, todos os acontecimentos ocorridos no planeta terra, decorrentes de ação humana, acabam por dar ensejo a uma resposta ou reflexo de Gaia. Tudo se inicia e se resume em Gaia. Seríamos como bactérias que proliferam, infestam e maltratam, descontroladamente, um corpo que já foi sadio. Repare: No ano de 1802 éramos 1 bilhão de habitantes. Em 2012 seremos 7 bilhões de pessoas vivendo sobre a face de Gaia. A doença se alastrou por toda a Gaia. Em São Paulo o trânsito recebe cerca de 800 carros novos por dia para juntar-se à sua frota. Isso significa quase 300 mil carros por ano. Isso numa só cidade. Não há quem suporte. A senhora poderia usar uma camiseta com seguinte frase: Gaia é sofrimento... São construídas, freneticamente, todos os anos, milhões de moradias para abrigar a nossa muvuca populacional. Vai chegar uma hora que não existirá mais espaço para nada. Seremos um edifício holiday de proporções globais. Tudo é, tem que ser ou será superlativo. A empresa tem que crescer a todo custo, o país tem que crescer 5% neste semestre, as exportações precisam crescer, o PIB, as vendas, o crédito, a produção de alimentos, a demanda, o consumo de bebidas, o fornecimento de combustíveis, a construção de usinas, de hidroelétricas, de shopping centers, de pontes, de aeroportos, de portos e o diabo a quatro. A Gaia vai quebrar, dona Maria! Por que tudo o quanto fazemos nela reflete. O homem tira da manga a emissão de gás carbônico, Gaia responde com o comprometimento da camada de ozônio. Derrubam-se árvores na floresta tropical, Gaia retruca com mais um pouquinho de aquecimento global. Lançamos mão do desamor, da má distribuição de renda, da intolerância, do individualismo coisa e tal (pois é... essas coisas também contam), lá vem Gaia com o derretimento das camadas polares. A coisa (vulgo Sport) empata com o Ypiranga com um gol de pênalti inexistente, Gaia, por castigo, manda-nos chuva ácida. O presidente Luiz Inácio Uisquinho da Silva tira uma medida provisória da cartola ou manda Dilma Cicatriz fazer mais uma aplicação de botox, Gaia envia-nos um tsunami. O fato é que estamos fadados a acabar com nosso hospedeiro, ou forçá-lo a acabar conosco. É Gaia! É Gaia!! É Gaaaaaaaia, dona Maria!
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segunda-feira, 30 de março de 2009
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